
Ao estudarmos a cultura hindu nos deparamos com algumas interrogações em nosso país. Em “Caminho das Índias” (precisei assistir alguns capítulos), o enredo novelesco nos mostra que o povo mantém desprezo pelos dalits, apesar da proibição por lei. Por que segregar “aqueles que nasceram da poeira sob os pés de Brahma”? Já ouvi por aí que, felizmente, quem é cristão não cultiva o preconceito: “Ainda bem que aqui não tem isso!”.
Pois bem, partindo dessa afirmação, pergunto: brasileiros cristãos, o que as pessoas fazem quando uma criança maltrapilha e desnutrida se aproxima do carro para vender algo? Levantei a mão: Vidro aberto logo é fechado. O olhar desvia para qualquer outro lado... Sinal verde. O carro acelera sem cerimônia. Podemos visualizar essa mesma cena milhares de vezes durante o dia, e tudo isso para manter as crianças dalits no “devido lugar”.
Por que nos prédios há entrada separada para empregados? Por que quem é desprovido de bens não pode ter tratamento digno nos hospitais e morrem em uma fila de espera, entre outros? Ora bolhas, nossa sociedade também está divida em castas! Classes A, B, C e D. Ricos, bom poder aquisitivo, pobres e, finalmente, a poeira sob os pés de Brahma.
Sim, senhor. Em nossa sociedade capitalista dividimos a população pela condição financeira. Quem tiver dinheiro valerá mais, não importa se a criatura for medíocre e boçal. Na Índia, o que justifica a segregação é a inferioridade espiritual. Lá e aqui há extremos – e penso eu que a verdadeira sabedoria está mesmo é no caminho do meio...