segunda-feira, 31 de março de 2014

É tão misterioso o país das caixas!




"E corro o risco de ficar com as pessoas grandes, que só se interessam por números. Foi por isso que comprei um estojo de aquarelas e alguns lápis..."

"Mas, infelizmente, não sei ver carneiros através de caixas. Talvez eu seja um pouco como as pessoas grandes. Devo ter envelhecido.
"

É por essas e outras que  O Pequeno Príncipe (Le Petit Prince), de Antoine de Saint-Exupéry, dialoga constantemente com os anseios e limitadores contemporâneos. Me faz sorrir. Me acalma os sentidos. Me pluraliza até depois do nem sei.

terça-feira, 25 de março de 2014

Monólogo



-Não dou conta não.
- É lidar com suas criações...
- Não sei por que as crio!
- Cobice parar.
- Ansiar pelo vestido que cai sem poder tocá-lo...?
- Suspirar sem testemunha é libertador...
- É sempre algo entre a tragédia e uma piada de mau gosto.
- Melhor envelhecer seus medos e aposentá-los!
- Respirar na sujeira dia após dia?
- Um senso infeccioso!
- As horas monótonas também se cansam de borrar...
- Besteira filosófica e faminta!
- Suas mãos em mim!
- Um toque tão comum...
- É acordar fraturado de emoções
- Durma abaixo das mentiras...
- Cansei dessa conversa.
- Vá.
- ...
- ?!
- É que o vento sopra como se fosse o fim!
- Mas é você que está gelado como se nem estivesse aqui...
- Eu sorri e você choveu finalmente...
- Às vezes você me faz sentir como se eu vivesse no limite do mundo. Como se eu vivesse na beira do mundo...(...)
- Tão estranho.
- É só o meu jeito de sorrir, te disse. (...) E molhei meus cinco segundos.
E então você sorriu. Vi um homem no lugar do garoto que conheci anos atrás.
Por um segundo.
Então o silêncio nos resolveu.
Você esperou meu último sinal -“Ainda te quero”. 
E ainda espera em negros quadros sonoros...
Acontece que eu não minto mais.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Da improvável permanência


Intermináveis quilômetros de silêncio
Quebram a singeleza de propósitos
Despem a verdade de seu manto de tempo
Alimentam a miopia emocional

Molham de escuro os rabiscos finais
É como o mergulho de apneia, tão profundo e dissonante
Às vezes não se move. Escafandro de mim
Cala-se para costurar o talvez do quase sempre

Cospe na dúvida dissimulada 
Apenas o jogo da entropia faminta  
Tão apática quanto o último som acordando o ontem
É exatamente quando a leveza machuca

A distância desse nós se revela uma triste gota do provável

E é sempre quando por um triz estou.


quarta-feira, 19 de março de 2014

Avesso





Acordo palavras não ditas
Poeiras levando horas enferrujadas
Pontos querendo cansadas vírgulas
Aflição arranhada
Mais uma tarde de verão. Nunca tão fria.