domingo, 22 de julho de 2007

Verdade conveniente

O rio Chico está morrendo...

A transposição vive cada vez mais

Os ribeirinhos infringem a lei para não morrerem de fome.

A lei. Lei insana. Lei egoísta. Lei dos poucos.

Todos se perdem de si mesmos...

O circo está armado. Palhaços vestidos de gente séria estão fingindo se preocupar.

Aeronaves não sabem se planarão. O governo não sabe. Eu não sei. Seu tio não sabe. Você também. Ninguém é capaz disso.

Pessoas-mercadorias estão se esforçando para ganhar medalhas.

Nessa lógica mercantil, não passam de objetos espetaculares.

A mídia sanguessuga sabe disso.

Assistimos bem de perto o desrespeito.

Talvez você não tenha percebido. O governo finge não saber.

As vaias. Todas as chances do "outro" são vaiadas.

A hipocrisia. Ouvir do locutor que o público aplaude o segundo lugar. Mas porque é segundo. Se fosse o contrário...

O que mais importa nessa sociedade-espetáculo é o próprio circo. Já o pão...

quinta-feira, 19 de julho de 2007

De mim para você

Estrela distante...

Talvez perdida como as conchas nos mares profundos...

Lança tua luz...

Que a escuridão ainda é maior do que nos seus olhos.

Olhos dispersos na imensidão

São tantos os suspiros, saudades, sonhos...

São muitas noites embaladas por segredos e silêncios.


A tua luz vem...

Bem devagar...acordando os sentidos

Renascendo os olhos

Olhos dispersos na imensidão...

Já viram de tudo...

Imaginaram muito esses olhos escuros...

Talvez não saibam da energia que têm


Os sonhos se perderam no mundo das sombras

O mar já não reflete mais a sua luz

Brilhe, Estrela...mesmo que o seu brilho não seja visto por todos

Mesmo que já tenha se cansado de ser estrela...

Mesmo que não saiba ao certo o por quê...

Ainda assim, brilhe!

Que os meus olhos não se cansam de se iluminar à tua luz...

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Lugar comum

Que confusão de sentimentos delirantes...

É só ver aqueles olhos...

É como infiltrar num espaço oculto de prazer e sedução.


Da louca serpente, capturar o doce veneno...

Sugado da mais bela face

Neste momento presente...


Qualquer coisa traz alegrias e lágrimas aos olhos...

Não pode ser o mundo,

Senão todo o reflexo do que pressinto em ti.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Versos ao medo

O paraíso visto na paralisação do medo
Torna-se um sonho acima da solidão.
Como ser um grão de areia que recebe o fardo de um diamante?
Uma terra estéril não pode ser um campo com pétalas flutuantes...
De volta ao começo.

Versos ao vento

O vento parece ser uma música que faz as flores dançarem....Mas talvez nem todas dancem, pois o vento pode ser também uma música que só é ouvida à surdina de um sonho.

Dia final

Chorar a vida. Brindar à morte...
Quem sabe o que é normal...
Refúgio perdido.
Liberdade banida.
Corpo inóspito!
Descobre então uma alma insana...
A alma que aos poucos se esvai, perdida no vácuo de uma ilusão...

domingo, 8 de julho de 2007

Janeiro

Olho o Rio.

O Rio através do mar.

Prefiro assim...


O mar não faz lembrar

o sangue lançado na vida das pessoas...

Na morte sondando os que andam com medo...


O mar é indiferente

Lança ao longe

Tantos lamentos...


Minhas dúvidas evaporam-se

ao pousar os olhos sobre a imensidão

que encobre conchas e seres e mistérios perdidos...


Quando se tem um mundo,

alheio à eloqüência insana do mundo...

Não há dúvidas.


Talvez desse para entender

Porque Ismália queria o mar...

Desceu ao mar.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Só eu

Poema meu
Poema nosso...
Os ouvidos saberão do que é meu...
Do que é nosso.

Quando eu escrever sobre a rainha que morreu sem conhecê-lo
Sobre pétalas voando para lugar nenhum...
Sobre o silêncio ansioso por gritar...
Sobre a dor ardendo bem no fundo...

Quando o papel mostrar um corpo que lateja dia e noite...
Um espírito seguindo sem rumo...por entre os vazios.
Eles saberão...
Porque você me deixou.

Duas sombras

Oh! Esses sons soturnos...

Sons inebriantes

Transferem toda a inação de sentimentos

Eloqüentes, incessantes...


Quando as harmonias dos sons turbam,

ânsias, pelo silêncio noturno pulsam...

Mas que fluxo vital é esse? Contra o espírito sereno que quer ficar,

a favor do silêncio doce que quer partir...


Tempos remotos,

lembranças sutis,

Sons ignotos

Do feitiço cabal, todo prazer que há no instante eterno...


O olhar único

leva a alma...

Plena de pecado dolente...

E se abisma no mistério.


É o que se tem...

O sangue percorrendo o corpo,

com um espírito tantas vezes ausente.

O grito cortante que se perde nos sonhos...


A mais pérfida serpente

Rouba todo o poder pulsante

De um par que aos poucos se esvai...

Por entre a noite iludente.

Reticências...

Não quero mais escrever de amor...

Do buraco que ele pode causar.


Do que me adianta lhe dar uma flor de um jardim onde nada cresce...

Mostrar estrelas em um céu solitário.


Ser capaz disso tudo, e não saber que o velho vulcão já se cansou de viver.

De queimar em mil faíscas, totalmente perdidas no tempo...