sexta-feira, 17 de abril de 2009

Quem procura acha...?


Acordei achando.
Inclusive acho que acordei...e de qualquer forma, estou vendo o ambiente de forma "minha" mesmo...sem interferências imaginárias da TV, dos filmes que eu vi, ou do muito que li...É como sentir todas as coisas como se elas estivessem despidas...e, portanto, com a melhor roupa.

Eu não ouvi música. Ouvi o som da cidade...os passos, os murmúrios, as estratégias sutis de se esquivar do passageiro que está no onibus em pé, cheio de sacolas, enquanto você está sentado e confortável...em sua zona. Porque não é com você. Porque o outro não é problema seu. Porque usei a palavra "problema". Porque isso sim é um "problema". Porque nos tornamos meros produtos do ambiente e, por isso, incapazes de sentir o outro e "nos" sentir. Porque só respondemos aos estímulos. Porque as respostas são prontas, frutos de um modelo impositor, que foi permitido por alguém que queria mais. Porque não sabemos explicar. Porque não sabemos perguntar. Porque nos limitamos a cumprir o papel do trabalhador, do ocupado, do apaixonado,do endividado, do carinhoso, do solitário, do cansado, do indiferente, do poderoso, da vítima, da modelo da revista. De papel em papel nos esquecemos do que havia ali...e o que é pior, nos esquecemos se havia mesmo...

Eu resolvi parar e ver...mas não só isso. Resolvi escutar, sentir, e também não fazer nada disso, porque o nada é muita coisa.

Estamos mesmo vivendo em uma realidade movida pelos disparates da mídia, isso não é novidade. Acontece que o círculo se torna vicioso se não pararmos. Por isso eu parei...não sei mais se existe essência, se essa palavra está pautada pela mídia...se a mídia e seus mantenedores sabem o que é isso...se as formas físicas que nos constituem estão no padrão, se o cabelo está aceitável como vemos nas revistas, se a pele segue as dicas de tratamentos que valem o salário do mês todo...se os sapatos estão desconfortáveis e, portanto, adequados...Isso é uma perseguição sem fim, e o que significa essa busca? Isso tem que significar algo? Que símbolo estamos querendo para nos representar? Precisamos de rótulos? O que pretendemos no final..quando se forem os dedos e ficarem os anéis...?

O que eu quero dizer é que eu não sei mais reconhecer um olhar.

2 comentários:

Vieira Terrier disse...

Existe uma imunidade. O fato é que pessoas se desviam e com os calos da vida não se furam com essas pontadas, corriqueiras, que o ambiente proporciona prazerosamente. Querer acertar e ter um conforto não é pedir muito. O que quero é barato. O que cobram por isso é caro.

Anônimo disse...

Muito bom o seu texto, foi na minha essência, isto é se eu ainda tiver alguma.